Manutenção, desgaste e lesões: o desafio dos gramados no Brasileirão reacende o debate entre natural e sintético

Manutenção, desgaste e lesões: o desafio dos gramados no Brasileirão reacende o debate entre natural e sintético

Com o início do Campeonato Brasileiro de 2025, volta à tona uma polêmica que tem dividido opiniões no futebol nacional: a qualidade e o tipo dos gramados utilizados nos estádios. A discussão sobre o uso de gramado sintético ou natural envolve clubes, jogadores, especialistas e torcedores, com argumentos que vão desde o desempenho esportivo até questões econômicas e de saúde dos atletas.

Atualmente, três estádios da Série A contam com gramado sintético: Allianz Parque (Palmeiras), Estádio Nilton Santos (Botafogo) e Arena MRV (Atlético-MG). Já a Neo Química Arena, do Corinthians, é a única do país com gramado híbrido com tecnologia de refrigeração e drenagem a vácuo, sendo considerado um dos melhores do Brasil. Enquanto isso, a maioria das arenas ainda aposta na grama natural, mas enfrenta sérios desafios de manutenção.

Segundo especialistas, o gramado sintético oferece maior resistência e regularidade, com custos de manutenção bem mais baixos (cerca de R$ 30 a 40 mil por mês, contra R$ 150 mil de um gramado natural). Além disso, ele pode ser utilizado com maior frequência, o que atrai clubes que sediam múltiplos eventos. No entanto, há receio quanto ao impacto na saúde dos atletas.

Estudos científicos oferecem conclusões variadas. Uma meta-análise publicada na revista The Lancet apontou menor índice geral de lesões em gramados sintéticos. Já pesquisas na MLS e NCAA indicaram maior incidência de problemas específicos, como lesões de tornozelo e no tendão de Aquiles, principalmente entre atletas que jogam exclusivamente no piso artificial.

A arquitetura dos estádios também afeta o desempenho dos gramados. No Maracanã, por exemplo, a cobertura das arquibancadas limita a entrada de luz solar, dificultando a manutenção da grama natural, mesmo com reforços híbridos. Já a Neo Química Arena utiliza grama Ryegrass, típica do inverno europeu, com sistemas avançados para garantir sua saúde mesmo em clima tropical.

Além das questões técnicas, o número elevado de partidas no calendário brasileiro também pesa. Em 2024, o Botafogo disputou 75 partidas na temporada, contra 56 do Real Madrid. A sobrecarga de jogos, combinada à falta de padronização dos gramados, agrava ainda mais os problemas estruturais.

Enquanto clubes buscam soluções tecnológicas e a CBF conduz estudos sobre a relação entre tipo de gramado e lesões, o debate continua sem consenso. O que está claro é que, seja sintético, híbrido ou natural, o desafio dos gramados no Brasileirão vai muito além da estética: envolve saúde, desempenho e sustentabilidade a longo prazo.


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