Maracanã pode ir a leilão: símbolo esportivo do Brasil entra em debate sobre dívida e futuro da gestão

Maracanã pode ir a leilão: símbolo esportivo do Brasil entra em debate sobre dívida e futuro da gestão

A possibilidade do Complexo do Maracanã ser leiloado para quitar parte da dívida do Estado do Rio de Janeiro com a União reacendeu um dos temas mais delicados da administração pública fluminense: a sustentabilidade financeira de seus equipamentos esportivos. A proposta, discutida na Comissão de Constituição e Justiça da Assembleia Legislativa (Alerj) e anunciada nesta quarta-feira (22), prevê a inclusão do estádio e de suas áreas adjacentes entre os bens passíveis de alienação. Caso aprovada em plenário, a medida abrirá caminho para o leilão de um dos maiores símbolos do esporte mundial, cujo custo de manutenção é considerado insustentável pelos parlamentares.

O projeto, de autoria do deputado Rodrigo Amorim (União), argumenta que o Estado não tem condições de continuar arcando com as despesas operacionais do complexo, que chegam a cerca de R$1 milhão por jogo. Além do estádio principal, a proposta inclui o Maracanãzinho, o Parque Aquático Júlio Delamare e o terreno onde funcionava o antigo Célio de Barros. Todos esses espaços, embora historicamente relevantes, demandam altos investimentos em conservação e segurança, o que pressiona as contas públicas em um momento de forte ajuste fiscal.

A ideia é que a alienação possa gerar recursos imediatos para reduzir parte da dívida estadual, ao mesmo tempo em que abriria espaço para um modelo de concessão de longo prazo à iniciativa privada. O objetivo seria garantir uma gestão mais eficiente e sustentável, permitindo que o Maracanã continue recebendo grandes eventos esportivos e culturais sem depender do orçamento público.

O tema, no entanto, desperta controvérsia. Especialistas em patrimônio esportivo alertam para o risco de descaracterização de um espaço que é símbolo do futebol mundial e palco de momentos históricos, como as finais das Copas de 1950 e 2014, além das cerimônias olímpicas de 2016. Setores da oposição também cobram transparência no processo e temem que o leilão abra margem para disputas judiciais sobre propriedade, uso e preservação do estádio.

Enquanto o debate político avança, o Maracanã segue ativo em campo. A dupla Fla-Flu, responsável pela administração temporária do estádio desde 2019, ainda não se pronunciou oficialmente sobre a proposta. O Flamengo, inclusive, utilizou o local nesta quarta-feira para enfrentar o Racing pela semifinal da Libertadores, enquanto o Fluminense havia atuado no início da semana contra o Vasco.

Com o projeto agora tramitando na Alerj, o destino do Maracanã entra em uma nova fase de incertezas. Caso a medida seja aprovada, o estádio poderá se tornar um dos ativos mais valiosos em leilão público no país e, ao mesmo tempo, o epicentro de um debate que contrapõe ajuste fiscal, identidade cultural e futuro do esporte brasileiro.

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