Escândalo no Corinthians: PCC, agiotas e desvios milionários com a Vai de Bet abalam o futebol brasileiro
A semana foi marcada por uma bomba no cenário esportivo nacional. A Polícia Civil de São Paulo concluiu o inquérito sobre irregularidades no contrato de patrocínio entre o Corinthians e a casa de apostas Vai de Bet, revelando um esquema de corrupção com desdobramentos que envolvem lavagem de dinheiro, agiotagem e até ligações com o crime organizado, especificamente com o Primeiro Comando da Capital (PCC).
No centro do escândalo está a gestão do ex-presidente Augusto Melo, que teria desviado comissões do contrato, estimadas em R$ 25,2 milhões, para quitar dívidas de campanha eleitoral à presidência do clube em 2020 e 2023. Segundo o inquérito, tais doações foram tratadas como "dívidas" desde o início, e a inadimplência levou Melo a ser ameaçado de morte por um agiota da zona leste de São Paulo.
O relatório ainda aponta que parte dos recursos desviados foi repassada para empresas de fachada, como a UJ Football Talent A Victory, que teria recebido R$ 870 mil. Esta empresa era associada ao empresário Antonio Vinicius Gritzbach, conhecido como "delator do PCC", assassinado em 2024 após colaborar com investigações sobre lavagem de dinheiro do crime organizado. Segundo o inquérito, os repasses à UJ foram "previamente ajustados" como forma de "financiamento, recompensa e silêncio".
A investigação também citou nomes de peso na antiga cúpula corintiana. Além de Augusto Melo, foram indiciados Marcelo Mariano e Sérgio Moura, por crimes como lavagem de dinheiro, furto qualificado e associação criminosa. O ex-diretor jurídico Yun Ki Lee foi indiciado por omissão imprópria, por ignorar alertas durante a checagem cadastral das empresas envolvidas, mesmo ciente de inconsistências nas atividades declaradas.
Outros envolvidos incluem Haroldo Dantas, presidente do Conselho Fiscal, e Marcos Bocatto, ex-superintendente de novos negócios, além do influenciador Bruno “Buzeira” Alexssander, que supostamente participou do esquema como receptor indireto de parte das verbas desviadas.
O patrocínio com a Vai de Bet durou de janeiro a junho de 2024, mas os efeitos do contrato ecoam até agora. A exposição do escândalo traz sérias consequências institucionais e jurídicas para o clube, que pode enfrentar sanções administrativas e criminais, além de grande desgaste junto à sua torcida e ao mercado.
Com esse novo capítulo sombrio, o futebol brasileiro se vê mais uma vez envolvido em um caso de corrupção estrutural que ultrapassa os limites do esporte. O Ministério Público agora avalia as próximas medidas, e o Corinthians enfrenta uma dura reconstrução de sua imagem.