Clubes da Série B pedem socorro à CBF e criticam ligas por falta de repasses financeiros
A crise financeira que atinge os clubes da Série B do Campeonato Brasileiro chegou ao limite e provocou uma reação coletiva. Insatisfeitas com os repasses das ligas Libra e LFU, as equipes se reuniram na quarta-feira (22) com a CBF para solicitar ajuda imediata e defender que a entidade volte a assumir o controle comercial da competição a partir de 2026. O encontro contou com a presença de 17 dos 20 clubes da divisão — apenas Cuiabá, Chapecóense e Amazonas não compareceram por dificuldades logísticas.
Após a reunião, a CBF anunciou a liberação emergencial de R$50 milhões, verba que será destinada exclusivamente às equipes da Série B. A confederação também garantiu o adiantamento da primeira parcela da Copa do Brasil, prevista para dezembro, e comprometeu-se a administrar o campeonato entre 2026 e 2028, assegurando repasses fixos e previsíveis a cada clube.
Segundo nota oficial, a entidade foi procurada há cerca de três meses pelos dirigentes, que relataram graves dificuldades financeiras e alertaram para o risco de interrupção do campeonato devido a receitas insuficientes. A CBF afirmou que decidiu agir “diante da gravidade da situação” e reafirmou seu papel institucional de garantir a sustentabilidade das competições nacionais.
A insatisfação dos clubes é dirigida principalmente ao modelo de gestão das ligas. Os dirigentes alegam que as receitas prometidas não se concretizaram e que as divisões inferiores foram negligenciadas nos acordos firmados com investidores e emissoras. O presidente do Operário-PR, José Álvaro Góes, destacou, em entrevista, que as equipes da Série B “não têm perspectiva de dinheiro ou de televisão para 2026” e que “a liga só prestigia a Série A”, refletindo um sentimento generalizado de abandono.
Os clubes também criticam a utilização dos direitos comerciais da Série B como parte das garantias financeiras das ligas, o que limita repasses diretos e impede ajustes de curto prazo. Caso a CBF reassuma o controle da competição, como pretendem os dirigentes, os contratos de Libra e de LFU poderão ser afetados, reduzindo o fluxo de caixa dessas entidades.
Mesmo com o impasse, há consenso entre os participantes de que a intervenção da CBF é necessária para evitar o colapso financeiro das equipes e garantir o término da temporada sem prejuízos esportivos. Para os clubes, a volta da gestão à confederação representa não apenas um socorro imediato, mas também uma tentativa de reconstruir a estrutura comercial da Série B, hoje considerada insustentável.
A discussão sobre o futuro da divisão promete intensificar-se nas próximas semanas. Enquanto a CBF reforça o compromisso com a estabilidade das competições, as ligas ainda não se manifestaram oficialmente. O episódio escancara a fragilidade do modelo de financiamento do futebol brasileiro fora da elite e reacende o debate sobre a viabilidade das ligas independentes em um cenário de desigualdade crescente entre as Séries A e B.